quarta-feira, 6 de julho de 2011

Aluguel

Já alugou um coração? Ou quem sabe já alugaram o teu...
É um saco esse negócio de aluguel! Eu sou a favor da compra, mas quando se compra o coração de alguém é necessário morar lá sempre, porque comprar pra deixar a casa vazia também é ruim. Meu coração já foi alugado tantas vezes por períodos pequenos ou enormes, depende do inquilino. Mas certa vez quiseram comprar meu coração, eu queria vender, afinal o inquilino já estava ali há 6 meses e resolveu comprar. O negócio já estava quase fechando quando surgiram com uma oferta melhor. Meu inquilino disse que se preocupava com meu bem estar e dessa forma iria se mudar para que o outro comprasse. Então, apesar de eu não concordar, o inquilino se foi.
O jovem comprador se mudou pro seu novo lar e fez uma mudança maravilhosa em sua nova morada, arrumou tudo e me deixou segura de que estava tudo sendo bem cuidado. Durou uns 7 meses e esse inquilino começou a procurar um novo local para morar, me deixando arrasada. Eu gostava tanto de sua presença...
Mas ele não falou em vender o local, apenas disse que precisava de mais uma casa. Generosamente lhe disse que a casa continuava sendo dele, não iria vender, que se tivesse problemas com a outra podia voltar. Foi o que ele fez. Se manteve nas duas por um tempo, mas quanto mais eu me distraia mais ele mudava suas coisas para a nova casa. Até que se mudou completamente. Deixou-me um recado dizendo que havia se mudado, mas que gostava dessa casa e que um dia talvez voltasse.
Então eu mantive, por um tempo, o lar do jeitinho que ele deixou. Mas ele estava demorando e resolvi mudar tudo. Joguei todas as suas coisas fora, reformei as paredes e deixei uma porta aberta, apenas uma para que o próximo inquilino não saísse pelos fundos, para que eu pudesse controlar melhor as entradas e saídas. Um inquilino chegou, mas este ficou na dúvida se alugava, comprava ou pagava diária. E decidiu: seria diária, assim ele viria o dia que quisesse sem obrigações de ficar. O segundo interessado deu uma olhada na casa, ficou em dúvida, pensou se queria se desvencilhar do seu antigo lar e ainda não me deu resposta se quer ou não.
Foi então que eu pensei: já me ofereceram tantos corações nos quais eu não quis morar. Já olhei tantos e não quis ficar. Já aluguei alguns e atrasei no pagamento ou desisti antes de completar um mês. Mas uma casa eu sempre tive! Um lar pequeno, com uma única vizinha, muita festa, pouca vigilância. Eu cuido desse coração como se fosse o meu próprio. Eu arrumei a casa toda e depois dividi com a vizinha, pra ela foi fácil já estava arrumado mesmo. E se ela sair, mais uma vez irei me livrar das coisas dela e tomar conta do lugar todo até a próxima alugar. Mas comprar? Só eu comprei, eu sou proprietária de um coração. Um coração que se quebrar me deixa sem lar, me deixa sem teto, sem chão.
É tão difícil tomar conta de metade de uma casa e vigiar as entradas e saídas de outra! Quando é uma troca é tão mais fácil, né ? Eu lhe dou meu coração e tu me dá o teu. Mas não, no meu caso o coração tem dono, mas está pra alugar temporariamente. E quanto ao coração que eu possuo? Deste eu nunca vou sair.

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